quarta-feira, 28 de setembro de 2011

A história da palavra ‘gringo’, de gregos a americanos

A curiosidade etimológica de hoje é uma sugestão da leitora Daniela Corti, que se inspirou na coluna sobre a palavra forró para encaminhar uma dúvida: e gringo, de onde vem? “Sei que não tem nada a ver com ‘green, go home’”, ela diz.
Bom, não tem mesmo, e essa eu confesso que nunca tinha ouvido. A lenda etimológica mais difundida em torno da palavra diz que ela teria nascido de uma canção escocesa entoada pelos soldados americanos que lutaram na guerra entre México e EUA, de 1846 a 1848, chamada “Green grow the rashes, o!”. Os mexicanos, que não entendiam a letra, teriam tomado as duas primeiras palavras para apelidar os inimigos de “gringos”.
O mesmo dicionário Merriam-Webster que registra essa lenda trata de desmenti-la ao citar a etimologia exposta em 1787 – muito antes da tal guerra, portanto – no Diccionario Castellano de Esteban de Terreros y Pando: gringo é apenas uma variação do vocábulo espanhol griego, “grego”, e nasceu na Espanha como um nome de zombaria dado a estrangeiros – consta que em especial aos irlandeses – que não falavam direito o idioma local.
Na origem dessa ideia, presente também em nossa expressão “falar grego”, encontra-se um provérbio latino medieval: Graecum est; non potest legi, “É grego, não se consegue ler”.
No entanto, embora a palavra já existisse, reconheça-se que a guerra entre México e EUA parece ter tido impacto na história de sua difusão: ao usá-la pejorativamente para nomear o inimigo, os mexicanos acabaram transformando “americano” numa das acepções mais conhecidas de gringo – mesmo no Brasil, onde, em estado de dicionário, o termo se aplica a estrangeiros em geral, especialmente os alourados.
Sérgio Rodrigues
Veja

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