segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Presidente de torneio mundial diz que ensino técnico sofre preconceito

Cerca de mil estudantes mostram suas habilidades na World Skills.
Astronauta que fez curso no Senai aos 14 anos defende a modalidade.

Vanessa Fajardo Do G1, em Londres - a jornalista viajou a convite do Senai

O presidente da World Skills, competição mundial de ensino técnico, Tjerk Dusseldorp, disse nesta quinta-feira (6) que o ensino técnico profissional sofre preconceito e não é valorizado como o ensino superior.
“Os pais pensam que os cursos profissionalizantes de alguma forma impedem que seus filhos consigam emprego, que ganhem salários altos e que nunca cheguem a usar terno e gravata, mas nada impede isso”, diz o presidente.
Segundo ele, os pais dos alunos acreditam que seus filhos, ao optarem pelo ensino técnico em vez do superior, vão estagnar, e não vão evoluir profissionalmente.
Dusseldorp lembrou o caso da Suíça, que é uma referência na educação e 80% dos jovens não ingressam na universidade, e sim, na educação profissional. “Se pudesse dar um conselho aos estudantes brasileiros diria para tentarem fazer um curso de educação profissional para conseguir ganhar dinheiro. Os pais estimulam a formação superior, mas meu conselho é de começar com o aprendizado mais técnico”, afirma.
Para o astronauta Marcos Pontes, embaixador da World Skills, o preconceito com o ensino técnico no Brasil tem de acabar, pois é uma grande “burrice”. Ele afirma que “fazer o ensino técnico não é perder tempo, ele te dá um degrau a mais para ser um profissional melhor, mesmo após a universidade.”
O astronauta fez o curso de eletrônica do Senai quando tinha 14 anos e morava em Bauru, no interior de São Paulo. Na época, ele chegou a fazer "bicos" de eletricista na cidade. “Ajudo a divulgar a importância do ensino técnico e sempre incentivo a educação em qualquer idade.” Pontes defende o aumento da duração do ensino médio para quatro anos, sendo a última de educação profissional.
A World Skills, é uma competição mundial de ensino profissionalizante, que começou na quarta-feira (5), em Londres, na Inglaterra. A delegação brasileira é composta por 28 estudantes. As provas terminam neste sábado (8), e a premiação ocorre no domingo (9).
O presidente do evento disse que o Brasil está entre os cinco melhores competidores no ranking geral. “O Brasil tem uma grande população e enormes recursos naturais. As capacidades estão aumentando e o futuro aponta para uma economia mais próspera.”
Conheça os 28 participantes da delegação brasileira:
Jecivaldo Silva (aplicação de revestimento cerâmico) Priscila Teixeira (confeitaria) Lucas Terra (construção de moldes) Guilherme Souza (desenho mecânico) Guilherme Vieira (design gráfico)
Marcos Paulo Santos (eletricidade industrial) Lucas Souza (eletricidade predial) Gabriel De Spindula (eletrônica industrial) Thiago Carvalho (fresagem) Avner Santos (instalação e manutenção de redes)
Rodrigo Silva (joalheria) Rafael Trombini (marcenaria) Willian Sousa (mecânica de refrigeração) Christian Alessi e Maicon Pasin (mecatrônica) Rodrigo Panifer (polimecânica)
Andre Peripolli e Leandro Machado (robótica móvel) Othon Barreto (sistema de transporte da informação) Rafael Santos (tornearia) Lucas Filgueira (soldagem) Paolo Bueno (tecnologia da informação)
Natã Barbosa (webdesign) Daniela Mello (cabeleireiro) Jéssica Amaral e Renata Machado
(técnico de enfermagem)
Hemilton Santos (serviço de restaurante) Laysa Menezes (cozinha)
Dos 28 estudantes brasileiros, 23 são do Senai e cinco do Senac.
Os competidores brasileiros foram escolhidos após participarem de um rigoroso processo de seleção, que começou com as etapas interescolares, regionais e nacional da Olimpíada do Conhecimento, torneio de educação profissional realizado a cada dois anos pelo Senai.
Para conquistar a vaga ao WorldSkills 2011, os vencedores da Olimpíada enfrentaram ainda outras duas seletivas, em que alcançaram os índices internacionais de qualidade, o que comprova que estão entre os melhores profissionais do mundo nas 25 ocupações que disputarão. Com isso, estão prontos para levar o Brasil ao pódio, como ocorreu nas duas últimas edições do WorldSkills.
Em 2007, quando o torneio foi realizado em Shizuoka, no Japão, a equipe brasileira ficou em segundo lugar, atrás da Coreia do Sul. Em 2009, em Calgary, no Canadá, o Brasil ficou em terceiro lugar, atrás de Coreia do Sul e Irlanda.

Nenhum comentário:

Postar um comentário